Situação precária compromete a segurança nas rodovias e foi abordada em debate público na Assembleia.
A precariedade das estradas que cortam Minas Gerais compromete não apenas a economia do Estado, mas, sobretudo, a segurança para cargas e pessoas. Por essa razão, a melhoria dessa infraestrutura foi defendida por representantes de entidades que participaram, nesta segunda-feira (28/8/23), do debate público “Rodovias mineiras: perspectivas e soluções”.
O evento foi realizado pela Comissão de Transporte, Comunicação e Obras Públicas da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), a requerimento do deputado Thiago Cota (PDT) e da deputada Maria Clara Marra (PSDB), presidente e vice da comissão, respectivamente. O primeiro painel da tarde tratou da “segurança nas rodovias”.
“Precisamos de gestão nas rodovias para reduzir o número de acidentes e de roubos”, sintetizou o vice-presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logística de Minas Gerais (Setcemg), Adalcir Ribeiro. Segundo ele, houve um enorme investimento em tecnologia, em veículos e em treinamento, além de modernização na legislação, sem que a infraestrutura acompanhasse essa evolução.
“Isso leva a uma manutenção preventiva de alto custo.”
Adalcir Ribeiro
Vice-presidente do Setcemg
Ele pediu atenção especial com o trecho da BR-381 onde ocorreu, recentemente, acidente com torcedores corintianos. “Já perdemos mais de 30 motoristas nesse trecho. É necessária a construção de um túnel ou área de escape”, afirmou.
Também pediu a melhoria das estradas o gerente de relações institucionais da VLI Logística, Fernando Künsch. Segundo ele, embora a empresa opere ferrovias, ela tem também terminais de integração, que são rodoviários. Em Minas, são cinco unidades que recebem as cargas que serão embarcadas em trens.
Fernando também citou as áreas de intercessão entre trens e outros veículos como outro ponto de atenção para a segurança. Segundo ele, nas ferrovias concessionadas do País, as ocorrências nesses locais cresceram 53% nos últimos 12 anos. Nas ferrovias da VLI, por outro lado, as ocorrências caíram 23% graças a campanhas de conscientização, conforme exemplificou o gerente.
Roubo de cargas cresceu 11%
Outro aspecto ligado à segurança nas estradas, o roubo de cargas, teve crescimento de 11% entre janeiro e julho deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado. Só em 2023, até julho, foram 3.478 ocorrências, conforme dados apresentados pelo delegado-geral de Polícia e chefe do Departamento Estadual de Investigação de Crimes Contra o Patrimônio, Felipe Marques de Freitas.
Felipe listou como gargalos do combate a esse crime a qualidade dos registros de furtos, que não indicam o horário preciso da ocorrência, dificultando a prevenção; a rápida diluição das cargas no mercado; e a dificuldade legal de se punir o receptador.
O consultor do Setcemg, Luciano Medrado, afirmou que os fertilizantes e as máquinas são os maiores alvos de roubo, no caso do setor agropecuário. Segundo ele, o sindicato vem se esforçando junto ao governo para elaborar uma legislação “pró-carga”, a exemplo de outros estados.
Maria Clara Marra citou Projeto de Lei (PL) 376/23, de sua autoria, que busca punir administrativamente as empresas receptadoras, uma vez que, segundo ela, a legislação sobre punição penal não caberia à ALMG.
Já o vice-presidente da Associação Comercial e Empresarial de Minas, Luiz Antônio Athayde Vasconcelos, salientou que a União tem débito com Minas em relação às estradas e defendeu uma “reação” institucionalizada para cobrar investimentos. Segundo ele, os recursos federais para estradas em Minas sempre foram mitigados, seja pelo critério de extensão da malha ou pela população.